alhos e cebolas



Alhos, cebolas, cebolinho, chalotas, alho-francês, todos pertencem à família dos allium.
Amados por uns, odiados por outros, mas ninguém fica indiferente, quanto mais não seja pelos efeitos colaterais do seu consumo como o mau hálito, odor corporal acido, agitação e irritação intestinal e cerebral.
Depois de muito ler, de muito refletir, não consegui tomar uma decisão. De um lado, na medicina ocidental encontro a defesa das suas propriedades antibióticas, anti-inflamatórias, antimicrobianas, fungicidas, antioxidantes, e até anticancerígenas, e os benefícios no sistema circulatório comprovados.
Do outro lado, na medicina tradicional chinesa, taoistas e ayurvedicos, as recomendações são de consumo moderado ou até abstenção destes poderosos incendiários. As advertências são unanimes: os aliáceos são prejudiciais para os seres humanos saudáveis, sendo apenas recomendados como tratamento específico de determinadas patologias, nomeadamente algumas relacionadas com o vigor sexual. São associados à ansiedade e agressividade, sobretudo se consumidos em cru, pois são um alimento ácido, que produz uma vibração forte no organismo. Diz ainda a ciência médica indiana que estes alimentos provocam o aumento da paixão e da ignorância, estando totalmente interditos a quem queira ter uma mente clarividente e a consciência despegada dos elementos terrenos.
Filosofias à parte, na verdade, os alhos, cebolas e companhia têm um convincente sistema de defesa pessoal baseado no enxofre que é libertado quando são atacados, mordidos, esfaqueados, etc. (oh… agora percebo a historia dos vampiros e dos alhos e tal…). Pois é devido a este enxofre que os micróbios quinam, os insetos se afastam e os nossos olhos lacrimejam e os narizes pingam.
E é também por causa deste enxofre que se usam copiosamente em pratos de carne, pois ele reforça-lhes o sabor e intensifica os aromas.
Perguntarão os mais acostumados a este alicerce fundamental dos nossos refogados, estufados e sopas – como substituir o alho e a cebola?
Confesso que nunca experimentei o seu substituto – a assa-fétida, que é uma resina natural - mas uso-os mais comedidamente desde que tomei conhecimento destas teorias tão antagónicas. E por vezes opto pelas versões mais brandas: alho-francês e cebolinho.
Para terminar, deixo-vos uma informação importante para quem tem animais domésticos. Dizem, que não devem ser alimentados com as plantas pertencentes a esta fedorenta família.

STRUDEL DE FARINHEIRA E ESPINAFRES

Faça um refogado com 2 dentes de alho e ½ cebola picada, ou se preferir faça a sua substituição por uma pitada de assafétida, ou 1 ramo de cebolinho, ou ½ alho-francês.
Junte ½ farinheira picada e sem pele e 4 colheres de sopa de polpa de tomate.
Acrescente uma tigela de espinafres suados e picados e tempere de sal, pimenta e oregãos.
Espalhe o recheio sobre duas folhas de massa folhada, enrole e polvinhe com sementes de sesamo.
Leve ao forno a alourar.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL TRIBUNA DE MACAU,  a 22 de junho de 2012


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