comportamentos e alimentos

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL TRIBUNA DE MACAU,  a 27 de setembro de 2012


Quando ouvimos falar da possível relação entre comportamentos infantis e alimentação, mil pontos de interrogação começam a rodopiar à volta dos nossos neurónios. No entanto, quanto mais investigação se faz, mais conecções são estabelecidas e relações de causa-efeito são encontradas.
Comportamentos como a falta de atenção, hiperatividade, dificuldades de concentração, ansiedade ou depressão, fadiga permanente e condutas tidas como antissociais, são hoje em dia relacionados com 3 questões alimentares: os hábitos alimentares, as intolerâncias e as deficiências nutricionais.
Hábitos alimentares que passam por uma alimentação correta, desde a importância de um bom pequeno-almoço, às refeições equilibradas e regulares. Note-se que as crianças que tomam pequeno-almoço têm mais concentração nas aulas, maior capacidade de retenção e menos fadiga. Os especialistas dizem que: qualquer pequeno-almoço é melhor que nada, mas deve sempre apresentar-se sugestões nutritivas, desde ovo com torrada, muffins de aveia com frutos, cereais com iogurte, fruta fresca, etc.
Sabe-se também que a agressividade e a ansiedade estão relacionadas com a sensação de fome, o que é tão verdade para crianças como para adultos, por isso devemos dar igual importância aos lanchinhos da manhã, da tarde, da ceia, etc.
Para além destes princípios básicos e fundamentais, alguns estudos encontram uma relação causal entre as intolerâncias alimentares e o comportamento, apontando o dedo aos químicos, aditivos, corantes e conservantes alimentares. Certo é que retirados da alimentação das crianças com problemas comportamentais, elas melhoram significativamente. Só para termos uma pequenina noção do seu efeito: o mero pão que compramos diariamente é adicionado com um produto que evita a criação de bolores, e que, por acréscimo, causa irritabilidade, falta de atenção e insónia em crianças sensíveis.
Então, o melhor é fazer pães, bolos e biscoitos em casa e escolher produtos com o minino de produtos artificiais (aqueles E000, que se encontram nos rótulos são isso mesmo: produtos químicos).
Quanto ao terceiro indicador, tem-se verificado que as crianças com problemas comportamentais têm défice de minerais e nutrientes essenciais como o zinco, o ferro ou o omega-3. O ferro, relacionado com o desenvolvimento cerebral, a atenção e os estados de humor, e o zinco que reduz os sintomas de hiperatividade, impulsividade e comportamentos antissociais. As fontes naturais destes nutrientes são os ovos, vegetais verdes, esparguete à bolonhesa, feijões guisados, pão de linhaça, produtos lácteos e o Milo ou Ovomaltine. Já o ómega-3, que se encontra em peixes como o salmão, sardinha ou atum, também pode ser compensado com o famoso óleo de fígado de bacalhau (agora em capsulas). Dizem os nutricionistas que todas as crianças beneficiam com o consumo de ómega-3, aumentando de imediato a sua concentração e atenção.

Uma ressalva final: obviamente a alimentação não pode, per si, ser responsável pelos ditos distúrbios comportamentais, nem ser a fonte de cura de problemas tão complexos como a hiperatividade ou o autismo, mas na verdade, quando certos alimentos são adicionados ou subtraídos à alimentação das crianças elas demonstram alterações visíveis de comportamento tornando-se menos irritáveis, mais calmas e mais recetivas tanto em ambiente familiar como escolar. Ora, assim como assim, para os mais sépticos, tudo o que aqui foi dito é que devemos oferecer uma dieta equilibrada e natural às crianças, o que é perfeitamente complementar a tudo aquilo que tem vindo a ser comentado nestes meus artigos escritos para o jornal Tribuna de Macau, não vos parece?

... e a receita que escolhi, foi um pão de aveia e mel, de algum tempo atrás, mas fazendo todo o sentido com este tema:

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